Aos 11 anos tão pequena eu sangrei Dizendo ao mundo que agora eu serei Visível àqueles tantos que eu evitei Mas invisível toda luta que terei
Só a inocência entrega minha idade Peitos, traseiro, meu centro de gravidade Estabanada, sem jeito, as vezes turva Ouvindo que essa roupa marca as minhas curvas Ó, curvas!
Vestido leve, cheiro a flores de jasmim Quero que levem todo medo que há mim Braços abertos preparada pra saída Tô bem assim, já posso ir, estou tão linda! Ah, me sinto linda!
Bastou andar somente aquele quarteirão Ouvi de longe um tremendo vozeirão Braços cruzados numa rua sem saída Que merda, por que eu vim assim tão linda? Ah, que merda, eu tô tão linda!
Essa dualidade, quem sabe até despreparo São tantos anos e o mesmo cenário Os idiotas da escola que não morreram Só se multiplicaram e cresceram E quem sou eu aí nisso tudo? Marji, Maria, Mercê... misturo Dia a dia vivendo o luto Dia a dia, vivo e luto E ainda sim, meu caros, conseguimos sorrir
Compositores: Paula Cavalciuk (Paula), Fernanda Dias de Oliveira Santos (Fernanda Teka) ECAD: Obra #25916141