Naquele estradão deserto Uma boiada descia Pras bandas do araguaia Pra fazer a travessia
O capataz era um velho De muita sabedoria As ordens eram severas E a peonada obedecia
O ponteiro, moço novo Muito desembaraçado Mas era a primeira viagem Que fazia nesses lados
Não conhecia os tormentos Do araguaia afamado Não sabia que as piranhas Era um perigo danado
Ao chegarem na barranca Disse o velho boiadeiro Derrubamos um boi n'água Deu a ordem ao ponteiro
Enquanto as piranhas comem Temos que passar ligeiro Toque logo esse boi velho Que vale pouco dinheiro
Era um boi da aspa grande Já roído pelos anos O coitado não sabia Do seu destino tirano
Sangrando por ferroadas No araguaia foi entrando As piranhas vieram loucas E o boi foram devorando
Enquanto o pobre boi velho Ia sendo devorado A boiada foi nadando E saiu do outro lado
Naquelas verdes pastagens Tudo estava sossegado Disse o velho ao ponteiro Pode ficar descansado
Então o moço falou Que tamanha crueldade Sacrificar um boi velho Isto é uma barbaridade
Respondeu o boiadeiro Aprenda esta verdade Que Jesus também morreu, ai Pra salvar a humanidade
Compositor: Dino Franco e Décio dos SantosPublicado em 1986 (20/Ago) e lançado em 1986 (01/Set)ECAD verificado fonograma #575639 em 07/Abr/2024 com dados da UBEM