Cresceu nas pedras Falou sozinho com a voz de relento Soube do sabor da morte, da sorte e do vento. Cresceu calado Dormiu sozinho na terra batida Marchou descalço no pó dos caminhos da vida. Guardou os rebanhos dos lobos à chuva e ao frio Suou tardes de terra dura na ponta do estio Comeu do pão magro Da magra soldada Largou a enxada Largou o noivado Largou p´ra cidade mais perto Para um pão mais certo. Malhou no ferro Abriu trincheiras, estradas. Sonhou. Andou no mato perdeu a infância. Matou. Marchou caldo Dormiu sozinho na terra batida Caiu descalço no pó dos caminhos da vida. E os lobos lá longe. E as asas de abutre sem cara. E o medo na tarde, na farda, no corpo, na arma Soldado na morte Do mato no norte Na sorte do vento No fogo da terra Nascido descalço Crescido nas pedras Dormido sozinho No pó do caminho Enxada Pão magro Relento Soldado Na ponta do estio. E o medo na tarde E os lobos lá longe. E as asas de abutre sem cara.
Compositor: Jose Luis Tinoco (SPA)Publicado em 2013 e lançado em 1976ECAD verificado obra #14434285 e fonograma #5968414 em 16/Mai/2024 com dados da UBEM