Há muita gente apagada pelo tempo Nos papéis desta lembrança que tão pouca me ficou Igrejas brancas luas claras nas varandas Jardins de sonho e cirandas foguetes claros no ar
Que mistério tem Clarice Que mistério tem Clarice Pra guardar-se assim tão firme, no coração
Clarice era morena como as manhãs são morenas Era pequena no jeito de não ser quase ninguém Andou conosco caminhos de frutas e passarinhos Mais jamais quis se despir Entre os meninos e os peixes Entre os meninos e os peixes Entre os meninos e os peixes do rio, do rio...
Que mistério tem Clarice Que mistério tem Clarice Pra guardar-se assim tão firme, no coração
Tinha receio do frio, medo de assombração O corpo que não mostrava feito de adivinhação Os botões sempre fechados Clarice tinha o recato de convento e procissão
Eu pergunto o mistério Que mistério tem Clarice Pra guardar-se assim tão firme, no coração
Soldado fez continência, o coronel reverência O padre fez penitência, três novenas e uma trezena Mais Clarice era a inocência, nunca mostrou-se a ninguém Fez-se modelo das lendas Fez-se modelo das lendas Das lendas que nos contaram as avós
Que mistério tem Clarice Que mistério tem Clarice Pra guardar-se assim tão firme, no coração
Tem que um dia amanhecia e Clarice Assistiu minha partida, chorando pediu lembrança E vendo o barco se afastar de Amaralida Desesperadamente linda, soluçando e lentamente
E lentamente despiu o corpo moreno E entre todos os presentes Até que seu amor sumisse Permaneceu no adeus chorando e nua Para que a tivesse toda Todo tempo que existisse
Que mistério tem Clarice Que mistério tem Clarice Pra guardar-se assim tão firme, no coração
Compositores: Caetano Emmanuel Viana Teles Veloso (Caetano Veloso) (UBC), Jose Carlos Capinan (Capinan) (UBC)Editores: U N S (UBC), Warner (UBC)Administração: Warner (UBC)Publicado em 1983 (05/Abr) e lançado em 1983 (01/Abr)ECAD verificado obra #22818094 e fonograma #304512 em 06/Abr/2024 com dados da UBEM