Quando vieram dizer-me que fui traída Senti-me só e vencida, chorei, confesso E como louca fiquei para ali a um canto Vertendo o amargo pranto que nunca esqueço
Pois ver a gente a derrocada dum sonho Ao sopro vil e medonho duma traição É sentir lume, ódio rancor, negro ciúme E jamais acreditar numa afeição ? ? Não há dor mais profunda mais triste Que a da mulher trocada por outra mulher É veneno, é ciúme que existe P'la mulher desprezada por quem adora e quer ? Onde outrora era dia risonho Cai a fria noite negra e sem luar É tão triste meu Deus, tão medonho Que eu canto esta dor, co'a alma a chorar ? Fui ter com ela e o que lhe disse nem sei Sei apenas que chorei de raiva e dor Pois nos seus olhos bailava a negrura enorme Dum coração frio que dorme, sem ter amor
E uma praga lhe roguei em pleno rosto Que Deus lhe desse um desgosto, igual ao meu E hoje ao ver-me, essa mulher foge de mim Meu amor voltou p'ra mim, e ela sofreu ? ? Não há dor mais profunda mais triste Que a da mulher trocada por outra mulher É veneno, é ciúme que existe P'la mulher desprezada por quem adora e quer
Onde outrora era dia risonho Cai a fria noite negra e sem luar É tão triste meu Deus, tão medonho Que eu canto esta dor, co'a alma a chorar
Composição: Domingos Gonçalves da Costa e Raúl Ferrão