Senhores prestem atenção nos meus tempos de guri Eu tinha só doze anos quando a minha mãe perdi Meu pai me deu pra um amigo, mas eu não me convenci Tive dois anos com ele O amigo do pai, aquele, e um certo dia saí.
Sai na calma com paz um bom gaúcho não erra Me despedi de Uruguaiana a minha querida terra; E eu já tinha dois cavalos leviano pra subir serra E para tirar uma prova Me ajustei na Estância Nova do senhor Olimpio Guerra.
Por lá também foi dois anos cumprindo a missão sagrada Mas sem nunca refugar rigor de lidas pesadas Enfrentando o Minuano, Sol torrantes com geadas Saindo de um montando noutro Quebrando queixo de potro nos dias de gineteada.
Fui gauderiar noutros pagos sem falha de honestidade Assim passou mais dois anos e eu cheguei naquela idade De ter que dar uma prova da minha brasilidade E de acordo com a lei Sentei praça e me fardei sempre de boa vontade.
Por lá estudei um pouco no bom pensar de rapaz Até hoje me arrependo não ter estudado mais Porém cumprí meu dever, Deus do céu sabe o que faz Saí bem documentado E um pouco falquejado pelos bancos colegiais.
E vim direto a estância quando saí do quartel Como General Serafim , neste tempo Coronel Um home que pra o Brasil foi sempre honesto e fiel Eu dele fui empregado E de lá sai casado, fiz um bonito papel
Hoje vivo sorridente, ao lado de Maria Que Deus me deu por esposa para me dar alegria Já não sou mais tão pobrinho, eu tenho um gado de cria Eu em capricho eu reservo E amor na china conservo sempre em minha companhia.
Assim vou adquirindo vivendo mais satisfeito Eu a esposa e os filhos abraçado no respeito Sou Rodogério Santana, sou sério, bato no peito Dou prazer pra meus amigos Por isto é que eu sempre digo ser pobre não é defeito