A me confrontar
Eu passo os dias a me confrontar
Sondar porque?
Basta um toque e um aviso no meu celular
lembrar vocĂȘ
Somos amigos promovidos a paixĂŁo
Chinelos espalhados, fatos, fotos pelo chĂŁo
Promessa concedida, bala de canhĂŁo
Alta velocidade, luz na escuridĂŁo
Eu sou a invocação da luz
o quente, o frio, um terremoto
O sobe e o desce da formiga
um desejo, o frio na barriga, uma foto
A guerra, a discussĂŁo, uma briga... uma moto!
O pedestre moribundo entre os carros
O bichano no colo do milionĂĄrio
A marca roxa no pescoço da ninfeta
O tremor involuntĂĄrio da bo-checha
A vaca parideira, o leite e suas tetas
O ovo e suas crias, filhos de chocadeira
O pedinte e o garoto, os malabares na ladeira
O pĂł dĂĄ nĂĄusea, eu nĂŁo disputo essa fileira
Eu passo os dias a me confrontar
Sondar porque?
Basta um toque e um aviso no meu celular
lembrar vocĂȘ
A chuva, uma onda, a prancha do surfista
uma enxurrada
A corrente das marés, um ponto de vista
Uma praga!
O parto, a metamorfose, as ĂĄguas do planeta
A sombra de um eclipse, uma estrela, um cometa
A fome de leĂŁo, a raiva de um cĂŁo, o cio
A lenda da sereia, o mito da medusa, um feitiço
A curva de um rio, uma tempestade, o estio
A pedra no sapato, o calo no pé do mendigo
Uma teia, um bolor, um quadro na parede
A isca, o anzol ou peixe numa rede
Um enxame, um vexame, a sintaxe de um texto
Eu, vocĂȘ, a multidĂŁo, um pretexto
Somos uma ponta, uma gota no oceano, um grĂŁo de areia
A cavidade, o oco ou a fresta de uma telha
Uma passagem, uma ponte, um caminho, uma via
Um sopro, um devaneio, uma ideia fixa, Ă© a vida!
Eu passo os dias a me confrontar
Sondar porque?
Basta um toque, um aviso no meu celular
lembrar vocĂȘ