Levantam-se nas paisagens, desta mi'alma campeira
As crinas da cabeleira do meu ancestral selvagem
Que misturava coragem com rasgos de fidalguia
Entremeando ventania, com terra e sacrifício
Peleadores por ofício porque a vergonha exigia
Olho para o espaço e vejo a brasa no céu que destapa
A minha terra farrapa, fruto do mesmo falquejo
Berço altivo do andejo que encarava o sol de frente
A gente da minha gente, a cepa, o tronco, a raíz
Posta perante o país na condição de indigente
Velhos sinais de perigo, ou melhor dito - de luto
Até parece que escuto trovoadas de um tempo antigo
Quando o taura ao desabrigo, com sangue a meia costela
Calçava o pé na cancela neste garrão de querência
Pra garantir permanência da pátria verde e amarela
Chego até escutar os gritos de soldados e paysanos
De índios e castelhanos surgidos do infinito
Cumprindo os sagrados ritos de guardar linhas e barrancos
Legenda que não se arranca dos que queriam viver
Mas preferiam morrer ao erguer a bandeira branca
Talvez alguns te renegam, chão dos meus antepassados
Mas que importa renegados, eles e aqueles que o seguem
Que se avacalhem e se entreguem
haverá sempre um turuna
Haverá um garrao de tuna, com fibra e coração
Para dizer que este chão não é terra reiuna
Aqueles que não entendem, nossa base de estrutura
Ou não leram a escritura, de onde os gauchos descendem
Os que compram e vendem, sem respeitar a legenda
Os do encobrio e do remenda, do esbulio e do desmande
Não sabem que este rio grande
Não está a compra ou à venda