Juliano Holanda
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Altas madrugadas

Juliano Holanda

A arte de ser invisível


Quando a noite mergulha tão somente
No silêncio profundo das estrelas
Eu escrevo outro verso à luz de velas
Sem cruzeiro qualquer que me oriente
Não há brisa sequer que se apoquente
A bater as janelas mal-trancadas
No ranger dolorido das escadas
Não há mau pensamento que me fuja
Ouço ao longe o piar de uma coruja
E o mugido das altas madrugadas?

Passa o vento em estranhos rodopios
Revirando o que estava tão tranqüilo
Pois ninguém é capaz de persegui-lo
Embaralha e retorce tantos fios
Quebra as folhas de caules mais esguios
Atravessa até frestas mais fechadas
Descascando a pintura das fachadas
Soberano, ninguém lhe sobrepuja
Ouço ao longe o piar de uma coruja
E o mugido das altas madrugadas?

Lá distante se escuta a tempestade
Avisando que está já de partida
E esse cheiro de vela derretida
Vai tomando as esquinas da cidade
E transforma a tormenta em claridade
No mormaço das ruas alagadas
Só me resta o soluço das calçadas
Vou lavar minha alma na água suja
Ouço ao longe o piar de uma coruja
E o mugido das altas madrugadas?
Compositor: Juliano Ferreira Holanda de Melo (Juliano Holanda) (UBC)Editor: Anilina Producoes (UBC)Administração: Dubas Musica (UBC)Publicado em 2015 (04/Mai) e lançado em 2012 (01/Jul)ECAD verificado obra #12564654 e fonograma #2502302 em 10/Abr/2024 com dados da UBEM

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