Luto por mim e por ti, vivo por mim e por ti Sonho por mim e por ti, por mim e por ti, sempre Luto por mim e por ti, vivo por mim e por ti Por ti sou homem a toda hora
Luto por mim e por ti, vivo por mim e por ti Sonho por mim e por ti, por mim e por ti, sempre Luto por mim e por ti, vivo por mim e por ti Por ti sou homem a toda hora
Receios invadem as certeza de amanhã As necessidades aquecem os espíritos A esperança em nossa irmã Lutar pela vida, por ti e pela família Sacrifícios pelo filho sacrifícios pela filha Dar a eles o que não tivemos na infância Enquanto tiver saúde vou percorrer essa distância Que me separa das coisas que almejo Conforto e estabilidade no horizonte vejo P'ra mim e pros meus saio cedo todos os dias Só sacrifícios alimentam barrigas vazias Todos os dias sou pai, esposo e sou guerreiro Leão nessa selva onde se caça dinheiro O amanhã é uma incerteza agudizante Os problemas crescem a uma velocidade alucinante Os impostos, os preços, a vida encarece Sinto o ritmo frenético de uma sociedade que enlouquece Todos querem o mesmo que eu quero Atitudes e comportamentos são ditados pelo desespero Ver os filhos com fome, ter de deixar a escola Não encontrar saídas, desejar sair de Angola Uma sociedade enlouquecida, sem ética ou moral Celebrando o individualismo anormal E eu estou no jogo, estou nesta arena Tentando convencer-me de que o sacrifício vale a pena Mas sentindo que o vazio ganha terreno Aquilo que desejamos muito pode tornar-se veneno O sentido da vida se esfuma velozmente O materialismo é o inferno da mente Desejamos voltar ou nunca ter nascido Desejamos ser outra pessoa com futuro resolvido Viajamos pelos mares das coisas passadas Fugas constantes, a realidade pesada O mundo é cruel e ninguém se importa Com os da rua que nos vêm bater a porta Todos somos penitentes neste sistema medonho Presos ao dia pela fragilidade de um sonho
Luto por mim e por ti, vivo por mim e por ti Sonho por mim e por ti, por mim e por ti, sempre Luto por mim e por ti, vivo por mim e por ti Por ti sou homem a toda hora
Luto por mim e por ti, vivo por mim e por ti Sonho por mim e por ti, por mim e por ti, sempre Luto por mim e por ti, vivo por mim e por ti Por ti sou homem a toda hora
Amanhece mais um dia e os guerreiros se levantam para continuar O sonho de suas vidas melhorar E eu vejo a multidão, e não vejo rostos Apenas preocupações, anseios e desgostos A cidade e o seu modelo de vida moderna Como formigas operárias saindo de suas cavernas Os hábitos reproduzem-se como enlatados É uma multidão com os ânimos mecanizados Esperanças mumificadas pela derrota Levantam-se às cinco da manhã Para as seis da tarde estar de volta Estamos todos felizes em poder comprar Aquilo que as montras nos venham a mostrar A nossa ânsia de ter, continua esfomeada Nessa sociologia de consumo exagerada A cidade cresce e também esse sentimento de solidão Que não se esvanece com a nossa companheira televisão O castanho da minha retina vê então Os efeitos dessa máquina chamada civilização