Mariama
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Festa da Carne

Mariama


Olha o rancho entrudo, a escola de samba
Olha o velho sisudo que se anima e descamba
Esquecendo da asma e do seu reumatismo
Pra sair de fantasma no bloco do abismo

Olha o bloco de sujos onde há a meretriz
Faz promessa o marujo de fazê-la feliz
Olha a banda, olha a virgem num pedaço de escuro
Já sentindo vertigem na beirada do muro

E vamos nós outra vez
De viva voz contra as leis
Que esmagam sonhos quase reais
E a multidão cada vez mais querendo muitos carnavais

Olha o salto, o assalto, o suor e a cerveja
Olha fuco beato escondido na igreja
Esta gente enganada esse samba de enredo
É a dor mascarada de um falso brinquedo

Diz o rei da alegria: "Ser feliz é uma lei"
Pena que, hoje em dia, ninguém mais crê no rei
E lá vai Mocidade e lá vem a Portela
É o caos na cidade, é o frevo, a favela

E vamos nós outra vez
De viva voz contra as leis
Que esmagam sonhos quase reais
E a multidão cada vez mais querendo muitos carnavais

É a banda bandalha
que se vai debandando
Mestre-sala e mortalha
já se desanimando

Olha aí quarta-feira
Olha a cinza na testa
E o que importa a bandeira
já não dança, protesta

Olha a boca amargando
Olha o Chave de Ouro
Vem alguém carregando
um pandeiro sem couro

Já não há quem encarne
o pecado mortal
Foi a festa da carne
foi o carnaval

Compositores: Paulinho Rezende, Paulo Debétio

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