Naquela tapera velha que o tempo já distroçou Morou Zé Dunga, um pretinho, valente trabalhador Foi o maior violeiro que Deus no mundo botou Sua viola parecia um passarinho cantador
Trabaiava o dia inteiro feliz sem se lastimá Mas quando a lua formosa no céu pegava a briá Toda gente arrudiava pra ver o preto cantá Sua viola de pinho fazia as pedra chorá
Acontece que a Carolina, cabocla esprito de cão Bonita como a sereia, mas que muié tentação Pra judiá do pretinho fingiu lhe ter afeição Querendo que nem criança brincá com seu coração
Coração de violeiro não é como outro qualquer É frágil que nem as pétlas de um mimoso mal-me-quer Que cai com o vento das asas do beija-flor do Tié Perde a vida quando a abeia vem pra lhe roubá o mé
Por isso o pobre Zé Dunga magoado pela traição Não podendo mais guentá no peito a grande paixão Agarrado na viola e debruçado no chão Foi encontrado com um punhal cravado no coração
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositores: Delamare de Abreu (Ranchinho Ii) (UBC), Murilo Alvarenga (Alvarenga) (UBC)ECAD verificado obra #2150041 em 10/Abr/2024 com dados da UBEM