Calvin Harris - Motion
Calvin Harris
Calvin Harris Motion
Mesmo dentro da relativamente exclusiva casta dos DJs verdadeiramente superstars, podemos dizer que Calvin Harris consegue se destacar. O fato é que poucos atingiram o grau de sucesso comercial e credibilidade desse escocês de 30 anos, especialmente na Grã Bretanha onde seus álbuns, singles, remixes e produções chegam nos postos mais altos da parada.

E com "Motion" a história não vai ser diferente. Basta dizer que no momento ele está numa ferrenha batalha com Taylor Swift para ver quem terá o álbum mais vendido da semana no Reino Unido.

Calvin Harris letras
O quarto disco de Harris é assim o típico disco de DJ que tem livre acesso no mundo pop: uma coleção de canções dançantes e de apelo radiofônico gravadas ao lado de vários convidados especiais - HAIM, Gwen Stefani, Ellie Goulding, Hurts e John Newman, entre outros.

O disco também traz algumas faixas instrumentais, para que não nos esqueçamos que antes de tudo, Harris faz música não só para tocar em rádios e baladas VIP, mas também nas pistas de dança - onde as faixas sem vocais tendem a funcionar melhor.

Obviamente "Motion" não é um disco revolucionário, assim como ele não deverá conquistar novos públicos ou converter os céticos. Mas, dentro do que se propõe, ele é um trabalho muito bem feito, com canções fortes e vários singles em potencial. Se música feita para dançar com um forte apelo pop está entre as suas preferências, é muito provável que você gostará bastante desse álbum.

Ouça "Blame (Feat. John Newman)" com Calvin Harris presente em Motion:





Neil Young - Storytone
Neil Young
Neil Young Storytone
Um álbum de covers acústico gravado em uma cabine que fazia "discos instantâneos" nos anos 50, um CD com jams instrumentais que, em alguns casos, chegavam quase aos 30 minutos, uma coleção de canções tradicionais da música americana e um disco onde não se ouve nada além de guitarra e voz .

Soa estranho? Pois, de forma sucinta, foi basicamente isso o que Neil Young fez em seus últimos quatro lançamentos. Além de prolífico - esse é o seu 35° álbum de estúdio - Young parece que ainda vai tomar de David Bowie o título de "camaleão do rock".

Ah sim, nesse "Storytone" o cantor resolveu fazer algo que, mais uma vez, nunca tinha feito antes: um disco inteiro com orquestra. Soa estranho? Sim, é claro e talvez só com o tempo será possível dizer com segurança se esse aqui será lembrado como um de seus bons ou maus experimentos - lembrando que a discografia do canadense também têm discos de country, música eletrônica, rockabilly além de trabalhos mais tradicionais, sejam eles mais elétricos ou acústicos.

Neil Young
O que dá para dizer por ora é que "Storytone" dividiu a crítica. Muitos resenhistas acham que a voz de Neil Young - que nunca teve grande potência ou mesmo beleza - simplesmente não funciona circundada por uma orquestra composta por dezenas e dezenas de instrumentistas.

Mas houve também quem entendeu que Young é um artista inquieto e que assumir riscos é algo que está no seu âmago. Assim, o melhor a fazer é escutar o disco com a devida atenção para que as suas canções comecem a fazer sentido.

Bom, talvez os arranjos orquestrais sejam de fato um tanto exagerados, mas, o resultado final não deixa de ser no mínimo curioso, especialmente para os fãs mais antigos. Ainda assim, Young pensou nos ouvintes que iriam imaginar como seria bom essas músicas de forma mais crua.

Talvez por isso, a versão deluxe do álbum, traz um segundo disco com todas as faixas em formato solo e, de forma geral, acústico. Não duvidem que para muitos admiradores o CD bônus se tornará o "principal", já que nessa encarnação, várias dessas faixas acabam se mostrando como das melhores feitas por ele nos últimos 15 anos - a versão de "Glimmer" só com piano é particularmente emocionante.

Ouça "Who's Gonna Stand Up" com Neil Young presente no álbum "Storytone":





The Flaming Lips - With A Little Help From My Fwends
The Flaming Lips
The Flaming Lips With A Little Help From My Fwends
Há quase 30 anos que os Flaming Lips se dedicam a criar uma música eclética, abrangente, experimental e muito maluca. Que o grupo tenha conseguido não só sobreviver, como manter-se em uma gravadora grande disposta a bancar toda e qualquer insanidade vinda da cabeça deles não deixa de ser algo admirável.

Como se não isso bastasse, a banda também é muito respeitada pela crítica especializada e por seus colegas - estejam eles no mais obscuro underground ou no topo da parada da Billboard.

Há alguns anos o grupo começou a chamar outros músicos apara regravar álbuns clássicos do rock - Pink Floyd e Stone Roses já entraram na dança. Agora, a banda americana decidiu mexer em um dos maiores totens da história: o mítico "Sgt. Peppers..." dos Beatles lançado em 1967 e considerado um dos melhores, se não o melhor, disco de rock já feito.

Óbvio que não se tem aqui uma versão fiel ao original - aliás eles resistiram até à tentação de parodiar a capa do álbum. O que o grupo, e seus amigos, fizeram foi um exercício muito interessante: o de usar o disco dos Beatles - que apontava para o futuro quando saiu - para fazer uma espécie de revisão da história da música pop.

The Flaming Lips
The Flaming Lips Miley Cyrus e o vocalista dos Flaming Lips, Wayne Coyne
Apesar dos arranjos serem bastante radicais em relação aos originais, deve ser dito que as estruturas das canções foram mantidas. A diferença é que agora essas músicas surgem repletas de ruídos, instrumentação eletrônica e vocais processados através de computadores- coisas que certamente os Beatles teriam usado em 1967, caso pudessem.

No final, a maior diferença entre esse "Sgt. Peppers" e o "outro" está em seu clima.

O disco dos Beatles era certamente mais esperançoso e ensolarado, enquanto nas mãos dos Lips ele se tornou bem mais hermético e assustador.

The Flaming Lips
Quanto aos convidados especiais, a lista também é bem eclética - estão aqui tanto a estrela pop Miley Cyrus e o DJ e produtor Moby quando os neo-psicodélicos do Foxygen ou o pessoal do My Morning Jacket. Mas, no final, o que se percebe é que todo mundo que vai gravar com os Flaming Lips acaba mergulhando no universo deles e se torna mais um membro da banda.

"With A Little Help From My Fwends" não deverá agradar os Beatlemaníacos mais radicais, mas um ouvinte com o ouvido mais aberto, e que esteja disposto a se divertir, tem tudo para gostar do álbum.

Ouça "A Day In The Life (Feat. Miley Cyrus and New Fumes)" com os Flaming Lips:



Leia aqui o especial com os lançamentos da semana passada!