Quem tem, teve, ou mesmo pensou em ter, uma banda de rock minimamente profissional no Brasil sabe como as coisas são complicadas. Há muitos obstáculos no caminho: seja a falta de dinheiro, de público ou de lugares para se apresentar. Não à toa a tarefa parece inglória e a maioria das pessoas acaba fatalmente tendo que abrir mão desse sonho/missão. O brasilense Gabriel Thomaz, não é uma delas. Aos 45 anos, mais de 20 deles dedicados aos Autoramas, ele conseguiu criar um caminho único para a sua banda. Com uma mistura de obstinação quase quixotesca, força de vontade e, claro, talento e trabalho duro, ele já levou o atual quarteto para bem longe e pode falar com orgulho de que vive exclusivamente de sua música.
Os números impressionam: nesse tempo eles lançaram oito álbuns, contam uma agenda constante de shows pelo Brasil e contabilizam mais de 20 turnês pelo exterior que os levaram para a Europa, EUA e Japão.
Apesar de ser um verdadeiro ícone do rock independente brasileiro, inacreditavelmente, os Autoramas nunca haviam participado do Lollapalooza, algo que finalmente será corrigido na próxima edição do festival. Eles tocam em 5 de abril, no primeiro dia do evento que volta a acontecer no Autódromo de Interlagos em São Paulo. Eles sobem ao Palco Onix, às 13 hs e 15 da sexta-feira dia 5 de abril.
Falando para o Vagalume, Gabriel leva com tranquilidade o fato de só agora, em sua nona edição, a banda finalmente ter sido chamada para o Lolla. Segundo o cantor, compositor e guitarrista o maior motivo é que geralmente é bem nessa época que eles geralmente saem para fazer shows pelo exterior, ou seja, havia também uma incompatibilidade de agendas. Mas ele também diz que finalmente a decisão de se mudarem para São Paulo, após vários anos radicados no Rio de Janeiro, também facilitou a troca de contatos. O fato é que quem for ao festival para curtir de Arctic Monkeys aos Tribalistas, passando pelo The 1975 e Sam Smith, também poderá conferir o rock de pegada garageira da banda.
Depois do festival, a banda já vai começar a se preparar para mais uma viagem internacional. Em maio eles voltam para a Europa para se apresentar em três festivais ingleses, com paradas em Liverpool, Manchester e na cidade praiana de Northgate. Eles ainda estarão em festivais na Espanha e Alemanha além de terem shows solo, ou ao lado de outras bandas em locais menores.
É interessante notar que o grupo conseguiu abrir todas essas portas cantando essencialmente em português, - ainda que o álbum mais recente, "Libido" do ano passado, conte com uma boa parte de seu repertório em inglês. Thomaz diz que essa tal "barreira linguística" só é vista com mais frequência nos EUA, e que nos países europeus de língua não-inglesa o público não demonstra ter nenhum tipo de problema com o idioma em que os artistas se expressam.
Mas haveria um segredo para seguir no meio independente por tanto tempo de forma bem sucedida? Vale lembrar que antes dos Autoramas, Gabriel já era conhecido por ter feito parte do Little Quail and the Mad Birds, uma das bandas que ajudaram a dar uma nova cara para o rock brasileiro do início dos anos 90, e também por ter ajudado a compor um dos grandes hits da época: "I Saw You Saying (That You Say That You Saw)" gravada pelos Raimundos.
A resposta parece ser mesmo o trabalho diário, como se fosse mesmo um emprego, e a atitude punk do "faça você mesmo". Quem segue a banda nas redes sociais, sabe que Thomaz é extremamente solícito, sempre batendo papo com seus fãs, mas não só. "Eu já me acostumei que isso é um trabalho e se a gente simplesmente deixar rolar, a fonte seca", diz. "Todo dia você tem que acordar e produzir."
O outro segredo é entender que o estilo de vida exagerado e glamuroso ligado ao rock'n'roll que nos acostumamos a ler nas biografias das grandes bandas é reservado apenas para alguns sortudos e é preciso estar disposto a encarar uma rotina com seus altos e baixos. Gabriel brinca que eles já tiveram alguns momentos de muito glamour nessa vida, mas também diz que não se incomoda se, de repente, se vê tendo de tocar para poucas dezenas de pessoas. Algo que, ele lembra, está longe de ser algo incomum, seja aqui ou lá fora.
Como exemplos ele se lembra que sua esposa (e agora integrante da banda) Erika Martins viu os lendários Cramps (uma das influências confessas dos Autoramas) se apresentando para algumas poucas pessoas na Alemanha e o próprio Gabriel também teve a chance de ver Cindy Wilson dos B-52's -uma das "bandas de sua vida" - cantando para cerca de 20 pessoas no Texas. "E me lembro de uma entrevista dos Titãs com um deles se lembrando que tinham feito shows em que tinha mais gente no palco que na plateia." (risos)
O fato é que a motivação é perseverança de Gabriel e dos Autoramas inspiraram, e inspiram, muitos nomes,, novos ou não, da cena independente brasileira. Prova disso está no recém-lançado tributo "A 300 KM Por Hora" (ouça aqui), onde mais de 40 nomes regravaram músicas da banda.
Thomaz diz que tudo foi feito sem que ele soubesse. "Eu fui o último a saber e fiquei muito emocionado", Ele conta que chegou a gostar mais de algumas versões do que das originais e louvou também a enorme diversidade de artistas presentes no trabalho, o que mostra o alcance de sua obra e ideias Brasil afora.
Ouça "Libido", o mais novo álbum da banda:
Os números impressionam: nesse tempo eles lançaram oito álbuns, contam uma agenda constante de shows pelo Brasil e contabilizam mais de 20 turnês pelo exterior que os levaram para a Europa, EUA e Japão.
Apesar de ser um verdadeiro ícone do rock independente brasileiro, inacreditavelmente, os Autoramas nunca haviam participado do Lollapalooza, algo que finalmente será corrigido na próxima edição do festival. Eles tocam em 5 de abril, no primeiro dia do evento que volta a acontecer no Autódromo de Interlagos em São Paulo. Eles sobem ao Palco Onix, às 13 hs e 15 da sexta-feira dia 5 de abril.
Falando para o Vagalume, Gabriel leva com tranquilidade o fato de só agora, em sua nona edição, a banda finalmente ter sido chamada para o Lolla. Segundo o cantor, compositor e guitarrista o maior motivo é que geralmente é bem nessa época que eles geralmente saem para fazer shows pelo exterior, ou seja, havia também uma incompatibilidade de agendas. Mas ele também diz que finalmente a decisão de se mudarem para São Paulo, após vários anos radicados no Rio de Janeiro, também facilitou a troca de contatos. O fato é que quem for ao festival para curtir de Arctic Monkeys aos Tribalistas, passando pelo The 1975 e Sam Smith, também poderá conferir o rock de pegada garageira da banda.
Depois do festival, a banda já vai começar a se preparar para mais uma viagem internacional. Em maio eles voltam para a Europa para se apresentar em três festivais ingleses, com paradas em Liverpool, Manchester e na cidade praiana de Northgate. Eles ainda estarão em festivais na Espanha e Alemanha além de terem shows solo, ou ao lado de outras bandas em locais menores.
É interessante notar que o grupo conseguiu abrir todas essas portas cantando essencialmente em português, - ainda que o álbum mais recente, "Libido" do ano passado, conte com uma boa parte de seu repertório em inglês. Thomaz diz que essa tal "barreira linguística" só é vista com mais frequência nos EUA, e que nos países europeus de língua não-inglesa o público não demonstra ter nenhum tipo de problema com o idioma em que os artistas se expressam.
Mas haveria um segredo para seguir no meio independente por tanto tempo de forma bem sucedida? Vale lembrar que antes dos Autoramas, Gabriel já era conhecido por ter feito parte do Little Quail and the Mad Birds, uma das bandas que ajudaram a dar uma nova cara para o rock brasileiro do início dos anos 90, e também por ter ajudado a compor um dos grandes hits da época: "I Saw You Saying (That You Say That You Saw)" gravada pelos Raimundos.
A resposta parece ser mesmo o trabalho diário, como se fosse mesmo um emprego, e a atitude punk do "faça você mesmo". Quem segue a banda nas redes sociais, sabe que Thomaz é extremamente solícito, sempre batendo papo com seus fãs, mas não só. "Eu já me acostumei que isso é um trabalho e se a gente simplesmente deixar rolar, a fonte seca", diz. "Todo dia você tem que acordar e produzir."
O outro segredo é entender que o estilo de vida exagerado e glamuroso ligado ao rock'n'roll que nos acostumamos a ler nas biografias das grandes bandas é reservado apenas para alguns sortudos e é preciso estar disposto a encarar uma rotina com seus altos e baixos. Gabriel brinca que eles já tiveram alguns momentos de muito glamour nessa vida, mas também diz que não se incomoda se, de repente, se vê tendo de tocar para poucas dezenas de pessoas. Algo que, ele lembra, está longe de ser algo incomum, seja aqui ou lá fora.
Como exemplos ele se lembra que sua esposa (e agora integrante da banda) Erika Martins viu os lendários Cramps (uma das influências confessas dos Autoramas) se apresentando para algumas poucas pessoas na Alemanha e o próprio Gabriel também teve a chance de ver Cindy Wilson dos B-52's -uma das "bandas de sua vida" - cantando para cerca de 20 pessoas no Texas. "E me lembro de uma entrevista dos Titãs com um deles se lembrando que tinham feito shows em que tinha mais gente no palco que na plateia." (risos)
O fato é que a motivação é perseverança de Gabriel e dos Autoramas inspiraram, e inspiram, muitos nomes,, novos ou não, da cena independente brasileira. Prova disso está no recém-lançado tributo "A 300 KM Por Hora" (ouça aqui), onde mais de 40 nomes regravaram músicas da banda.
Thomaz diz que tudo foi feito sem que ele soubesse. "Eu fui o último a saber e fiquei muito emocionado", Ele conta que chegou a gostar mais de algumas versões do que das originais e louvou também a enorme diversidade de artistas presentes no trabalho, o que mostra o alcance de sua obra e ideias Brasil afora.
Ouça "Libido", o mais novo álbum da banda: