Depois de anos como vocalista do NX Zero, uma das últimas bandas de rock verdadeiramente populares do país, Di Ferrero partiu para a carreira solo, apostando em um som que, ao menos à primeira vista, é bem diferente daquele que o consagrou, já que a ênfase agora está na música pop de pegada eletrônica mais do que no som das guitarras. O cantor falou para o Vagalume sobre a nova fase e mostrou que na verdade essa é uma continuação natural de sua trajetória.

Ferrero diz que apesar de estar trabalhando com programações e produtores variados, o cerne de suas músicas segue o mesmo. "Elas ainda nascem no violão. Todas elas têm essa estrutura básica ainda", conta, dizendo que ainda que foi com esses esqueletos de canções que os produtores trabalharam em cima, sempre ao seu lado, para criar a ambientação sonora. Ou seja, o contrário do que se vê em muito do pop contemporâneo onde muitas vezes a canção é construída a partir de um beat.
Di Ferrero

O medo de decepcionar os fãs mais antigos com essa guinada também não passou pela cabeça dele. Ele conta que no ano passado, quando lançou o primeiro single "Sentença", ainda sentiu algumas vozes mais discordantes, mas que agora sente que o seu público entende a guinada de direção e está ao seu lado nessa nova caminhada.

Apesar de lançado como dois EPs, a segunda parte sai em breve, Ferrero diz esperar que, ao final, ele seja escutado como uma obra única e que a opção por dividir o disco em duas partes, tem mais a ver com a maneira que a música é consumida hoje, especialmente via serviços de streaming. "E dessa forma eu posso trabalhar melhor essas seis músicas". Se depender dele o álbum também ganhará uma edição em vinil, formato que ele diz adorar.

Já ao vivo, ele se apresenta com uma banda, mas não dispensa as bases pré-gravadas. O material do NX Zero também não foi abandonado. "Essas músicas fazem parte da minha vida, eu escrevi aquelas letras", ele conta, deixando claro que essa nova fase, em nada invalida tudo o que veio antes. O fato da banda não ter terminado com os integrantes brigados também faz com que Di não veja a primeira parte de sua história musical como um fardo. Vale notar também que o guitarrista do NX, Gee Rocha, está presente em "Diamante Raro", um dos destaques de "Sinais".

Veja o clipe de "Seus Sinais"


Não podíamos deixar de perguntar também sobre a participação vitoriosa de Di no "Show dos Famosos" do "Domingão do Faustão", o quadro onde os competidores a cada etapa precisam imitar um astro da música diferente, onde ele acabou vencendo a competição, empatado com Ludmilla.

Ele revela que a princípio não achou que valia entrar no programa. "Soube do convite, mas eu disse que não. Aí, uma semana depois ligaram de novo falando 'tem certeza?' (risos)... vai ser bom para a sua carreira... e eu topei."
Di Ferrero

O cantor fala que a decisão se mostrou acertada, já que ele aprendeu muito nessas semanas de competição e que levará esse aprendizado para sempre. "Coisas sobre postura de palco e gestual, por exemplo".

Ao se ver tendo de assumir uma nova persona a cada semana, Ferrero também diz tirado algo de proveitoso. "Mesmo no caso do Kurt Cobain ou Jon Bon Jovi, dois dos artistas que ele homenageou no quadro, a gente nota que existem movimentos pensados ali, que não era só improviso". Com carinho ele também conta que durante um show em Recife acabou cantando "Anunciação" de Alceu Valença, que ele também interpretou no programa.

Di confessa que jamais imaginou que seria o campeão, e que ficou mais surpreso ainda ao saber que ainda teria direito a um prêmio por ter vencido o quadro.

Ouça a primeira parte de "Sinais":



O disco tem as seguintes faixas:
1 - "Viver Bem"
2 - "Diamante Raro (Part. Gee Rocha)"
3 - "Seus Sinais"
4 - "Outra Dose"
5 - "Não É Tarde Demais"
6 - "Vou Te Levar"