Um dos grandes nomes da música eletrônica brasileira, mas não só, Bruno Martini acabou de lançar o seu primeiro álbum. "Original" é um trabalho ambicioso, com 17 faixas e muitos convidados, que tem potencial para levar o DJ e produtor a um novo patamar.
Falando com o Vagalume sobre o trabalho, Martini se mostra ciente de que, hoje em dia, o número de pessoas que escutam um álbum do começo ao fim está cada vez menor, mas que isso nunca foi um fator determinante em suas escolhas artísticas, tanto que o disco está aí.
"Eu sei que é difícil ouvir um disco inteiro, até eu mesmo", brinca, antes de completar que escuta os trabalhos de quem ele realmente gosta. O DJ elabora: "Todos os nomes que foram minhas maiores referências musicais, sempre fizeram álbuns e eu os vejo como algo muito importante na vida de um artista, porque eles funcionam como um marco histórico. O álbum te permite marcar uma era e contar um história. E para mim, faz muito sentido contar essa história agora".
"Original" tem muitos convidados especiais, uma lista eclética que vai de IZA a Becky Hill, passando por Luísa Sonza e o megaprodutor Timbaland. Mesmo assim, o trabalho soa coeso e não como uma grande compilação de músicas que não se relacionam entre si.
Martini concorda e diz que um dos fatores que contribuíram para esse resultado foi o fato de todos esses nomes terem abraçado o projeto e, também, deixado a sua zona de conforto. "Me corrija se eu estiver erado, mas eu nunca vi, por exemplo, a Iza, cantando nada no estilo de nossas parcerias."
"É óbvio que todos cantaram músicas que tinham mais a ver com o mundo deles. Não dá também para mandar a faixa em que o Johnny Franco cantou para a Luísa Sonza, porque não vai ter nada a ver. Mas, acima de tudo, todo processo foi muito natural. Todos ficaram à vontade. Eu não fiquei em cima de ninguém."
Ele cita, novamente, o caso de Iza como um bom exemplo desse método. A cantora, a princípio, só iria cantar "Bend The Knee", mas, quando ouviu "Original", também quis gravá-la. Algo semelhante aconteceu com Sonza, que também acabou presente em duas faixas, e não apenas em uma.
O que se percebe no álbum é uma grande preocupação em criar boas melodias e faixas de apelo pop. Martini é filho do italiano Gino Martini, do Double You, o que lhe garantiu crescer cercado de música, instrumentos e estúdios de gravação. Ele também começou muito jovem, fazendo pop rock com o College 11, banda que chegou a ganhar sua própria série no Disney Channel, programa que durou três temporadas. Essas experiências estão visíveis no disco.
Sua parceria naquele projeto, a cantora Mayra Arduini, é, ainda hoje, não só sua melhor amiga como maior parceira musical. "Eu a conheço desde os 13 anos, em todas as fases da minha vida ela estava do meu lado, então, ninguém melhor para desenhar esse trabalho comigo".
Martini também se mostra um verdadeiro autor de suas músicas, ou seja, ele não cria simplesmente uma base e deixa que os convidados façam todo o resto do trabalho. "Eu diria que participei em 90% da composição desse material", estima.
Para encerrar, Martini contou um pouco de como foi trabalhar com Timbaland, uma daquelas experiências únicas na vida de um artista. O produtor que revolucionou o hip-hop do início do século 21, está presente em quatro músicas de "Original".
Dessas, uma rapidamente se destaca e, logo fica claro, que essa não é uma opinião isolada. Martini concorda que "Skin" é uma faixa diferenciada, com seu clima cinematográfico, Bruno cita as trilhas de Tarantino como referência, e andamento cadenciado.
"Eu vou ser sincero, ela é a minha música favorita, dentre as que eu já fiz". Ele relembra que a faixa começou em formato voz e violão, com os demais elementos sendo colocados aos poucos, e a ideia era fugir dos padrões vigentes do pop, sem preocupações com o aspecto mercadológico.
Timbaland escutou a versão preliminar e ficou impressionado. O americano passou então a trabalhar na faixa adicionando mais elementos sonoros e beats na gravação. "Eu não gosto de falar assim, mas acho essa música uma obra de arte", resume Martini.
A parceria entre os dois começou de forma curiosa. O produtor ouviu "Living On The Outside" e ficou tão impressionado que entrou em contato com o time de Martini pedindo para ouvir outras de suas produções.
Pouco depois chegou o convite para que o brasileiro fosse até Los Angeles trabalhar com ele no estúdio. "Eu fui para ficar dois dias e acabei ficando dez. Foi a partir daí que a história do álbum começou a se desenhar. Eu vi que tinha uma coisa muito especial em mãos."
"Quando você encontra pessoas assim, você se motiva. Porque ele é muito apaixonado por música. A gente ficou em um estúdio chamado West Lake, que tem várias salas. E é engraçado porque em uma estava o Usher, na outra não sei quem, e em outra eu e ele. E o Timbaland ia entrando e saindo dessas salas, e você via o brilho no olho dele, de quem gosta de fazer música."
Martini também se surpreendeu com algumas escolhas de timbres e beats feitas pelo americano. Ele conta que levou as canções apenas com a sua parte harmônica e melódica, sem nenhum beat e foi aí que ele entendeu a genialidade do produtor. "Ele escuta a música com uma visão completamente diferente da sua", citando "Riot", uma canção bem mais "reta" em sua forma original que se tornou algo totalmente diferente em sua forma definitiva.
O brasileiro conclui: "Quando você encontra gente assim, que é apaixonada pelo que faz, é diferente. Eu nem sei quantos milhões esse cara tem na conta, e ele estava lá comigo e também querendo aprender, me perguntando como eu tinha feito tal coisa...".
Ouça o álbum:
Falando com o Vagalume sobre o trabalho, Martini se mostra ciente de que, hoje em dia, o número de pessoas que escutam um álbum do começo ao fim está cada vez menor, mas que isso nunca foi um fator determinante em suas escolhas artísticas, tanto que o disco está aí.
"Eu sei que é difícil ouvir um disco inteiro, até eu mesmo", brinca, antes de completar que escuta os trabalhos de quem ele realmente gosta. O DJ elabora: "Todos os nomes que foram minhas maiores referências musicais, sempre fizeram álbuns e eu os vejo como algo muito importante na vida de um artista, porque eles funcionam como um marco histórico. O álbum te permite marcar uma era e contar um história. E para mim, faz muito sentido contar essa história agora".
"Original" tem muitos convidados especiais, uma lista eclética que vai de IZA a Becky Hill, passando por Luísa Sonza e o megaprodutor Timbaland. Mesmo assim, o trabalho soa coeso e não como uma grande compilação de músicas que não se relacionam entre si.
Martini concorda e diz que um dos fatores que contribuíram para esse resultado foi o fato de todos esses nomes terem abraçado o projeto e, também, deixado a sua zona de conforto. "Me corrija se eu estiver erado, mas eu nunca vi, por exemplo, a Iza, cantando nada no estilo de nossas parcerias."
"É óbvio que todos cantaram músicas que tinham mais a ver com o mundo deles. Não dá também para mandar a faixa em que o Johnny Franco cantou para a Luísa Sonza, porque não vai ter nada a ver. Mas, acima de tudo, todo processo foi muito natural. Todos ficaram à vontade. Eu não fiquei em cima de ninguém."
Ele cita, novamente, o caso de Iza como um bom exemplo desse método. A cantora, a princípio, só iria cantar "Bend The Knee", mas, quando ouviu "Original", também quis gravá-la. Algo semelhante aconteceu com Sonza, que também acabou presente em duas faixas, e não apenas em uma.
O que se percebe no álbum é uma grande preocupação em criar boas melodias e faixas de apelo pop. Martini é filho do italiano Gino Martini, do Double You, o que lhe garantiu crescer cercado de música, instrumentos e estúdios de gravação. Ele também começou muito jovem, fazendo pop rock com o College 11, banda que chegou a ganhar sua própria série no Disney Channel, programa que durou três temporadas. Essas experiências estão visíveis no disco.
Sua parceria naquele projeto, a cantora Mayra Arduini, é, ainda hoje, não só sua melhor amiga como maior parceira musical. "Eu a conheço desde os 13 anos, em todas as fases da minha vida ela estava do meu lado, então, ninguém melhor para desenhar esse trabalho comigo".
Martini também se mostra um verdadeiro autor de suas músicas, ou seja, ele não cria simplesmente uma base e deixa que os convidados façam todo o resto do trabalho. "Eu diria que participei em 90% da composição desse material", estima.
Para encerrar, Martini contou um pouco de como foi trabalhar com Timbaland, uma daquelas experiências únicas na vida de um artista. O produtor que revolucionou o hip-hop do início do século 21, está presente em quatro músicas de "Original".
Dessas, uma rapidamente se destaca e, logo fica claro, que essa não é uma opinião isolada. Martini concorda que "Skin" é uma faixa diferenciada, com seu clima cinematográfico, Bruno cita as trilhas de Tarantino como referência, e andamento cadenciado.
"Eu vou ser sincero, ela é a minha música favorita, dentre as que eu já fiz". Ele relembra que a faixa começou em formato voz e violão, com os demais elementos sendo colocados aos poucos, e a ideia era fugir dos padrões vigentes do pop, sem preocupações com o aspecto mercadológico.
Timbaland escutou a versão preliminar e ficou impressionado. O americano passou então a trabalhar na faixa adicionando mais elementos sonoros e beats na gravação. "Eu não gosto de falar assim, mas acho essa música uma obra de arte", resume Martini.
A parceria entre os dois começou de forma curiosa. O produtor ouviu "Living On The Outside" e ficou tão impressionado que entrou em contato com o time de Martini pedindo para ouvir outras de suas produções.
Pouco depois chegou o convite para que o brasileiro fosse até Los Angeles trabalhar com ele no estúdio. "Eu fui para ficar dois dias e acabei ficando dez. Foi a partir daí que a história do álbum começou a se desenhar. Eu vi que tinha uma coisa muito especial em mãos."
"Quando você encontra pessoas assim, você se motiva. Porque ele é muito apaixonado por música. A gente ficou em um estúdio chamado West Lake, que tem várias salas. E é engraçado porque em uma estava o Usher, na outra não sei quem, e em outra eu e ele. E o Timbaland ia entrando e saindo dessas salas, e você via o brilho no olho dele, de quem gosta de fazer música."
Martini também se surpreendeu com algumas escolhas de timbres e beats feitas pelo americano. Ele conta que levou as canções apenas com a sua parte harmônica e melódica, sem nenhum beat e foi aí que ele entendeu a genialidade do produtor. "Ele escuta a música com uma visão completamente diferente da sua", citando "Riot", uma canção bem mais "reta" em sua forma original que se tornou algo totalmente diferente em sua forma definitiva.
O brasileiro conclui: "Quando você encontra gente assim, que é apaixonada pelo que faz, é diferente. Eu nem sei quantos milhões esse cara tem na conta, e ele estava lá comigo e também querendo aprender, me perguntando como eu tinha feito tal coisa...".
Ouça o álbum: