O Engrenagem Urbana (crédito foto: Carol Santos @fotografiacarolsantos) lançou o seu novo álbum de estúdio, "Espiral", na última sexta-feira (29). Repleto de participações especiais, o disco traz a banda de rap explorando diferentes vertentes da música popular brasileira.

Com exclusividade para o Vagalume, o Engrenagem Urbana fez um "faixa a faixa", comentando cada uma das oito músicas que formam "Espiral". Passeando por estilos como pagode, MPB, afrobeat e, claro, hip hop, o grupo apresenta um trabalho rico sonoramente.

Ouça o disco "Espiral", com comentários faixa a faixa do Engrenagem Urbana, abaixo:


1 - Espiral (Part. Fernanda Agnes)

O álbum abre com a faixa homônima ESPIRAL que relata e transita sobre à necessidade de reconectar com si mesmo sobre as questões filosóficas, espirituais, as ancestralidades e suas dimensões e particularidades. Ela adentra ao universo da Engrenagem Urbana e através da teoria do Espiral, transcende e imprime sua evolução na busca desse novo caminho".

2 - Disco

"A Faixa DISCO brinca com o efeito espelho de trás para frente como diz o refrão, “ouvir um disco, fazer amor, fazer um disco ouvir amor” formando o movimento e conceito de espiral partindo de um ponto e evoluindo ate chegar o destino final. Para exemplificar, o tema usado foi as sensações de uma relação afetiva e ou sexual, desde o movimento de ir e vir ao lugar onde tudo se materializa de forma liquida.

Tudo se molha, escorre ou segue flertando entre os estados fiscos da agua; Liquida, solida e gasosa. A letra constrói essa sensação fazendo o ouvinte “apalpar” através de símbolos. A faixa é carregada de metáforas como : “Dose de saudade”, “saliva doce”, “partes úmidas, “Sal”, “Malagueta” e gemidos que ressoam notas musicais. Os amantes se perdem entre espaços e dimensões. Formas geométricas e infinitas, para cair e se encaixar em um disco com relações liquidas e fluidas".

3 - 23:59 (Part. Anelis Assumpção)

"Ainda abordando o assunto relacionamento, a faixa trás a intimidade de um casal que nos cômodos da casa, aproveita o final do sábado, e adentra ao inicio do domingo, já projetando o clima através do tempero, da temperatura, do clima, do chuveiro e dos caldos. Completam-se e se declaram além de juntos enfrentarem o sono e o tedio da TV, dos celulares e da chatice da vizinhança que reclamam da rotina do casal".

4 - DUO (Part. Tiê)

"DUO tem a intensidade e a maturidade da multiplicação dos seres. É basicamente o resultado matemático de quando sentimentos, corpos viram um só, mas pra isso precisam da dualidade. É a matemática e sua exatidão ou a desconstrução das formulas. A somatória, a divisão, a multiplicação. É um ser encontrando seu par, e se dividindo e dessa divisão encontrar a dadiva não matemática e numérica, mas o mix de dois para criar um terceiro de dentro, da ligação humana, materna, paterna, para enfim , virarem três".

5 - Abraço (Part. Fernanda Agnes)

"Abraço foi construído num período de reflexão e cuidado pessoal. A letra foi totalmente inspirada e atribuída a um momento doloroso e importante na vida do produtor musical e

integrante Kiko de Sousa que no inicio do ano perderá sua mãe. Meses depois foi a vez de Samuel Porfirio também perder a sua. Das “coincidências” da vida ambas as mães levam o nome de Maria que também são os nomes das filhas dos integrantes. A ligação das Marias estão nos detalhes da amizade de ambos. Quando Samuel retomou as composições, percebeu o quanto a musica que antes falava com Kiko, também atingia ele que l viviam a saudade do “Abraço” confortante da Mãe. Samuel compôs o refrão inspirado já na sua dor que cabe totalmente a dor de Kiko. Se olharmos para esse ponto podemos aqui falar que “A dor de um abraçou a dor do outro” e o disco encerra os assuntos de relacionamentos e afetos";

6 - Sina

"Sina é um “Samba” de quebrada que se passa dentro de um boteco nas inúmeras noites de boemia e “terapia de balcão”. É como se de alguma forma, recorrêssemos aos conselhos da malandragem e dos “nego veio” de quebrada . Sempre respeitando os códigos seculares das ruas e suas tradições".

7 - Aprendiz (Part. Marcelinho Freitas)

"Aprendiz é uma homenagem a Cohab 2 de Itaquera . A música revisita os lugares e os ícones musicais e comerciais do território. Ela fala sobre a rotina, movimento social, tradicional e influente. Se apossa do pagode 90, dos costumes, dos símbolos , dos ritmos e se declara ao grande refugio. Valoriza as conquistas e partilha da felicidade de ser conterrâneo e contemporâneo aos personagens em questão".

8 - Sankofa (Part. Nyl Souza, Thaíde, Vinicius Adorne & ÀlêoÁ)

"A faixa atesta o Rap como MPB mas reafirma que por mais que o MPB seja atraente e belo, o RAP ainda é o nosso jardim. Utilizar o mandamento Sankofa é uma forma de ESPIRAL também e recorrer ao mestre Thaide para validar e reconstruir o espaço é a forma mais leal de retornar ao berço. “Ainda tão pequeno e imaturo, lá chegava eu. Ouvindo quem estava lá, ainda hoje por aqui” Engrenagem Urbana homenageia Thaide nesse trecho e antes que alguém posso questionar ela avisa que “não é sobre retroagir e sim sobre retrovisor” para podermos olhar pra trás mas seguir em frente, da mesma forma que Thaide recorre aos ensinamentos milenares das religiões para alcançar o ápice de sua felicidade e experiência".