Mais interessantes são aquelas em que gente de mundos totalmente distintos se une em torno de uma canção ou projeto. Claro que nem sempre a combinação funciona, mas os resultados tendem a ser no mínimo instigantes, como é o caso dos cinco selecionados abaixo.
Veja:
Lou Reed e Metallica (2011)

O resultado dessa parceria pouco provável foi um disco, para dizer o mínimo, incompreendido. Os fãs da banda não entenderam um trabalho com a sua banda do coração fazendo fundo musical para os vocais praticamente falados de Reed. Já quem gostava de Lou, provavelmente preferiria ouvi-lo com uma banda mais focada no rock and roll básico. O que não se nega é este é um projeto extremamente corajoso para todos envolvidos.
"Lulu" acabou sendo o derradeiro trabalho de Reed - ele morreu dois anos depois de seu lançamento, e o LP segue um ponto de discórdia entre os especialistas. Ainda assim, aos poucos, nota-se que ele está sendo reavaliado. Um grande fã do trabalho era David Bowie. O cantor teve a chance de falar para o próprio Lou, seu amigo de longa data, o quanto tinha gostado dele.
"Lulu" pode não ter vendido muitas cópias para o padrão do Metallica. Por outro lado, ao aparecer no 36° lugar, ele se tornou o disco de Lou Reed que melhor pontuou no top 200 da Billboard desde 1974.
Run DMC e Aerosmith (1986)

Segundo a lenda, os rappers só conheciam o riff da música, e nunca a tinham ouvido na íntegra. Quando finalmente a ouviram não acharam a ideia da cover muito boa, mas acabaram convencidos.
Steven Tyler e Joe Perry, a dupla de frente da banda, naquele momento em uma fase de baixa popularidade, também topou participar da gravação.
Quando a música saiu, os fãs do quinteto ficaram horrorizados, mas logo, até eles deram o braço a torcer. A versão explodiu, botando o hip-hop definitivamente no centro do cenário pop.
Além de gerar um clipe inesquecível, "Walk This Way", ajudou a ressuscitar a carreira do Aerosmith que viria a se tornar nos anos seguintes, uma das maiores bandas do mundo, com um público totalmente renovado.
Lady Gaga e Tony Bennett (2014 e 2021)

Com Lady Gaga não foi assim. No auge do sucesso, ela optou por se juntar ao veteraníssimo Tony Bennett em um LP contendo apenas grandes standards.
O resultado poderia não ter dado certo, artística ou comercialmente, mas não foi isso o que se viu. Com "Cheek To Cheek" (2014) Gaga provou de vez que era uma cantora extremamente talentosa e Bennett, com 88 anos, e a voz ainda em forma, mesmo que longe do seu auge, se tornou a pessoa mais velha a colocar um álbum no topo da parada dos EUA.
Em 2021, com Tony já bastante debilitado, eles repetiram a dose com "Love For Sale", um trabalho igualmente bonito, mesmo que sem a força do trabalho original.
Nick Cave e Kylie Minogue (1996)

Em 1996, Nick lançou "Murder Ballads", um álbum, como título diz, todo dedicado às canções de assassinato, um formato de música folk com origens no século 17.
O cantor disse que escreveu "Where The Wild Roses Grow", uma música bonita e soturna, já pensando em Kylie para cantá-la com ele.
A cantora topou sair de sua zona de conforto e não se arrependeu. A partir dali ela começou a ser vista sob um novo prisma. A canção deu a Nick Cave seu melhor resultado até hoje no ranking de singles do Reino Unido (11° lugar) e lhe garantiu sua primeira aparição no top 10 da parada de álbuns.
Sepultura e Carlinhos Brown (1996)

Com letra (quase toda) em português e um ótimo clipe em animação. A parceria entrou em alta rotação na MTV Brasil e conseguiu colocar os brasileiros pela segunda vez no top 30 do Reino Unido (o single chegou ao 23° lugar).
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