Eu sô aquele boizinho Que nasceu no mês de maio desde que nasci no mundo Foi só pra sofrê trabaio Fizero logo o batismo Lá nas margem do riozinho Por causa da minha cor Eu fui chamado amarelinho
Meu pai era um boi turuna Que nasceu num sapezá Seu nome era Barbatão Com sobrenome de Marruá
Quando eu tava de ano e meio já fizero amansação Iem vez de amansar de carro Amansaram de carretão
Carrero que me criava Era o mulato pimpão Me dava co pé da vara E xuxava e co ferrão Me dava co pé da vara Só fazendo judiação Eu preguei uma chifrada Que varou no coração
Aí meu sinhô já disse: Eu vou mandá este boi pro corte Não trabaia no meu carro Boi que já deve uma morte
Eu tava no arto da serra E avistei dois cavaleiro Com dois laço na garupa E dois cachorro perdigueiro
Pois era o sinhô patrão Que vinha me visitá O marvado carniceiro Que já vinha negociá
Adeus campo da Varginha Terreno dos amanais Os zóio que me vê hoje Amanhã não me ve mais
Eu cheguei no matador Não encontrava saída O mió jeito que tem É entregar a minha vida
O marvado carniceiro Já correu afiá o facão Pra largar uma facada Bem certa no coração
Botei meu joelho em terra Só pra ver sangue correr E o marvado com a caneca Ainda parava pra beber
Vou fazer minha promessa Pra quem meu coro tirar Que o mundo dá muita vorta E sem camisa ai de ficar
Compositor: Raul Montes Torres (Raul Torres) (UBC)Editor: Bandeirante (UBC)Publicado em 2001 (26/Abr)ECAD verificado obra #36982 e fonograma #2745 em 01/Abr/2024 com dados da UBEM