Metrópole Nas vias expressas os guetos sobrevivem Nas raias da loucura a cidade transgressora reinventa o erotismo e desacata ao pudor A barbárie esquenta o tédio acentua a aberração Enquanto o público entoa os seus hinos de louvor Adeus, adeus, adeus amor
No urbanismo deformado da cidade Frankenstein Ruas viram estradas prédios crescem sobre prédios A anarquia inquestionável orienta a direção Não existe mais contato prevalece a solidão Enquanto o publico entoa os seus hinos de louvor Adeus, adeus, adeus amor
Os espaços de convívio não produzem sentido A insegurança se instala e o poder aquisitivo soa como opressor Faltam gestos de amor Por questões adversas todo o povo é sofredor Enquanto o publico entoa os seus hinos de louvor Adeus, adeus, adeus amor
Por onde andará Deus nesta imensa cidade? Por que Ele não aparece, não põe a cara à tapa, não me diz, aqui estou? Será que Deus não acredita em mim? Se assim for, que razões tenho eu para acreditar Nele? Eu que não sigo doutrinas, ainda procuro Deus por esta cidade. Se Ele estiver nos homens de boa fé que apontam sinais de vida. Ou na força que permite que apesar de tudo, o amor resista e a nossa emoção sobreviva, Então humildemente serei fiel a Ele, rogando-lhe para que se mantenha vivo e que faça do dia a dia eterna comunhão e missa. Mas se Deus for apenas um rosto que se perde na multidão, que razões tenho eu para lhe chamar Deus? Chamarei miséria, fartura, conformismo ou desassossego Medo, fome, violência, sabedoria Luxuria, amor, arma, rebeldia. Homem, temor, vazio, ressentimento Incerteza, guerra, suor, selvageria Sexo, ódio, doença, minoria Culpa, inveja, furto, melancolia Fome, rancor, dor, apatia Razão, descrença, caos, poesia Vida, morte, bem ou mal
_______________________________________________________________ Autor: Renato Godá Guitarras: Mano Bap e Georgia Branco Baixo: Sergio Soffiatti; Bateria: Pedro Ross