Sou barco abandonado Na praia ao pé do mar E os pensamentos são Meninos a brincar Dei-lo que salta bravo E a onda verde-escura Desfaz-se em trigo De raiva e amargura.
Ouço o fragor da vaga Sempre a bater ao fundo, Escrevo, leio, penso, Passeio neste mundo De seis passos E o mar a bater ao fundo.
Agora é todo azul, Com barras de cinzento, E logo é verde, verde Teu brando chamamento Ó mar, venha a onda forte Por cima do areal E os barcos abandonados Voltarão a Portugal.