Arthur de Faria & Seu Conjunto

Oito de Março

Arthur de Faria & Seu Conjunto


OITO DE MARÇO
Arthur de Faria

Aperto tua mão e - horas depois - inda sinto na minha o teu cheiro.
Aperto tua mão e - horas depois - o teu cheiro.
Que coisa tátil é essa que me remete e tantos gostos e graças?
Que ritual herege teu tato que traz de volta a viva paixão enterrada?

Aperto tua mão e - horas depois - ainda sinto em vão teu miasma.
Aperto tua mão e - horas depois - teu miasma.
Resta o vago mostro redesperto, resta a transparente medusa de esperas.
Minhas cem mil cabeças expectam por ti,
Meus desejos-hidra crescem de volta dos jazidos pescoços inertes.
Para reterem-te no teu cheiro.

Apertei a tua mão e eras tu, ali. Olorosa oferenda.
Apertei a tua mão e eras tu, ali. Oferenda.
Apertei tua mão e eras de novo olhos e boca e peitos e pernas e sexo.
Dentes e língua.
Tua mais profunda pele.

Apertei a tua mão e, nela, todos os cheiros do desejo estavam.
Apertei a tua mão e, nela, todos os cheiros estavam.
Apertei a tua mão e, de novo, te quis.

(Dona Chica dimirou-se de que houvesse uma paixão tão grande assim...)
Compositor: Arthur de Faria Silva (Arthur de Faria) (UBC) e lançado em 1996 (01/Dez)ECAD verificado obra #2820100 e fonograma #365052 em 07/Abr/2024 com dados da UBEM

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