Oh! Zé pr'onde tu vai?
Eu vou lá pro meio da feira
Ver embolada, desafio de repente
Medicina de baiano, luta de capoeira
Oh! Zé eu vou bem ai!
Não faça tamanha besteira!
Eu volto logo meu amor, lhe peço tento
Vou cumprir meu regimento com Sinhá rezadeira
Oh! Zé, acabou-se a farinha, o fiado, o jabá também
Não gaste dinheiro com pinga,
porque isso é coisa que tu não tem
Muié deixe de intriga, de tanto arvoro, desse xenhenhe!
Só quero andar pela feira, aprender a sabença
que o meu povo tem
Oh! Zé, me dá logo a parte que me cabe desse tostão
Tu és homem andarilho e nem te importas com meu coração
Só vives jogado no samba, é xote, xaxado e baião,
até já falei com o Juiz
Pra ele desfazer essa nossa união
Meu bem, não se avexe não! Você é a minha prenda
Não lhe troco por nada no mundo,
me diga por que tanta desavença
Só quero andar pela feira, matar a saudade desse meu sertão
Não queira-me numa gaiola, sou pássaro livre, lume da canção
Tem um ceguinho na calçada da igreja,
demostrando sua arte, dedilhando um violão
Naquele banco seu Tibúrcio com malícia,
pra vender o seu tempero, que dá gosto ao feijão
Pedinte falso com a cara de coitado,
tá ganhando seu trocado, enchendo o saco de pão
Moça bonita tem até madame rica,
desfilando com seu carro no meio da multidão
Tem pra mim, tem pra tu, aqui na feira de Caruaru
Tem pra mim, tem pra tu, na feira de Caruaru... (BIS)