Peito meu
Quilombo de casa
Meu orixá
Meu guia de estrada
Peito meu
Que guarda o que é liberdade
Gasta o coração
Peito é chão
É terra molhada
É seca estirão
Infinda morada
Peito é teto
Brigada em guarda
Vigia da voz
Da prosa da sala
Peito é quilombo
Memória de casa
São aguás profundas
Kalunga sagrada
Peito é hotel
Assentamento e chegada
Desembarque
Temporada
Peito é gula de carência
Baixa temperatura de bater o queixo
É meia-luz e é desmaio
Falta combustível pra arca do peito
Peito é ostentação de sentimentos
Onde somos ocupantes estrangeiros de nós mesmos
Peito é extensão
É vastidão
Mas tem lotação
Não cabe os coxa não
Peito é gordura
E tem estofo
Aguenta pancada
Mas fica no osso
Peito é resquício
De todo mau dito
Ou da quietude
De todo conflito
Peito é aldeia
É movimento
Peito é mudança
Corrente de vento
Peito é gula de carência
Baixa temperatura de bater o queixo
É meia-luz e é desmaio
Falta combustível pra arca do peito
Peito é ostentação de sentimentos
Onde somos ocupantes estrangeiros de nós mesmos
Peito meu
Quilombo de casa
Meu orixá
Meu guia de estrada
Peito meu
Que guarda o que é liberdade
Gasta o coração