(declamado
Era um velho machado
Cortando tronco antigo
Daquele velho angiqueiro
Que sempre foi bom amigo
O orvalho em forma de pranto
Caindo dos galhos seus
Parecia estar pedindo
Não, não me destrua pelo amor de Deus)
Nasci sozinha sem ajuda de ninguém
A natureza se incumbiu de me criar
Minhas irmãs foram cortadas pouco a pouco
Vocês não viram o meu pranto derramar
Pode tirar a minha vida, meu amigo
E se prepare porque o seu fim está perto
Pois cada tronco estendido é mais um pouco
Do nosso mundo se transformando em deserto
Leve meu tronco para fazer seu caixão
E o meu galho para fazer sua cruz
E não esqueça que também foi de madeira
A cruz sagrada que crucificou Jesus
Foi de madeira o seu berço adorado
Desde a infância eu estou sempre contigo
E hoje sinto a cada golpe de machado
Que você é o meu terrível inimigo
Queira ou não eu estou sempre presente
Sou sua cama, sua mesa de jantar
Eu sou o verde cobrindo nossas colinas
Sou o ar puro para o mundo respirar
Leve meu tronco para fazer seu caixão
E o meu galho para fazer sua cruz
E não esqueça que também foi de madeira
A cruz sagrada que crucificou Jesus
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