Tribo da Periferia

Um Sonho

Tribo da Periferia

Tudo Nosso


Vixi
A fita é grande mermão
Tem que ter carro, mulheres

Bem-vindo ao inferno

O sol não nasceu, ontem não vi a lua
Minha estrela não brilhou e no meu céu nem flutua
Moleque a vida é curta
Chora mais quem tem culpa
Tem sangue atrás da lupa
E no mundão o que resulta
Mas quem é que não quer
Ter dinheiro pra gastar com as puta no bar?
Roletar de Jaguar
Decolado pra cidade, tipo a, sem miséria
No prazer e na dor, na paz e na guerra
Acordar na favela como a brisa da manhã
Confiante um talismã no porta-luvas do sedan
Brilhante e chamativo como a cor do perigo
Odor da morte vem na cintura do bandido
Mas tá limpo, o sorriso do fantasma se desfaz
Dura enquanto dura uns 20, 30 mil reais
Mas de lá pra cá meu irmão, a estrada é curta
Eu nem sei se vale a pena os tiro de pistola russa
Mas o que eu também queria, é ou não é, mesmo incrível
Um negro dirigindo um Mercedes conversível
Curtindo um som bandido nas ruas do subúrbio
De corrente de ouro e Rolex no pulso
Ha, sonhar, quem não sonha?!
Eu sonhei e eis me aqui
Mais um grito solitário na escuridão sem fim

Dai-me forças pra lutar senhor
Perdoe essa alma triste
Dai-me forças pra lutar senhor
Que não tenho fé

Qual seu valor?
Chega ai conta pra mim
No mundo um Rg não vale mais do que um chassi
Um cara sem estudo, sem recursos o que será?
No meio dos bichos peçonhentos da selva de pedra
Cola na grade ladrão, chega aí, ouve só
Eu também sonhei com isso aqui
Risistir altos B.O
Já dei fuga dos "gambé" de cb e iténéré
6 mil reais na mochila, dei perdido nos mané
Asics tiger no pé, pt taurus na cintura
Minha vida um sonho pacato
Se perdeu na noite escura
Nos becos do gueto, respeito tem nem jeito
Entre os barracos é foda véi
Não tem crime perfeito
Quem se poupou valorizo
Pode crer, tá comigo
To pro que der e vier
Sem gingadão de bandido, só na fé
Assim que é
A carne é ingrata parceiro
Às vezes olho no espelho
E nem me reconheço
Tudo na vida um preço
E até morrer pagará
Optou pelo crime, ser feliz?
Nem pensar
E sonhar? Quem não sonha?!
Eu sonhei, eis me aqui
Mais um grito solitário na escuridão sem fim

Dai-me forças pra lutar senhor
Perdoe essa alma triste
Dai-me forças pra lutar senhor
Que não tenho fé

Quis ser feliz dos contatos
Na agenda do celular
Diz que nós vai buscar
Caraí véi
Já pensou
Nós no bar de carreta
E de toca preta e jaqueta Campari sobre a mesa
Olha a cena
Uma 7:30 escalada na porta
Um pé de bota grilado
E eu querendo a resposta
Sem pau na caixa preta
É um assalto, mão na cabeça
157 assinado, e ali foi dada a sentença
Conclusão 11 anos de reclusão
É foda parceiro, pesadelo
E o mundo foi meu picadeiro
Final de espetáculo
Sem pistola, sem cálculo
Nada de droga na mesa
Nem carro importado
Só um homem solitário na escuridão da cela
Vendo pela janela como a vida é bela
Sem querer nem pensar no que dá a vaidade
Sepulturas ou grades? Tu escolhe malandragem
Pois sonhar, quem não sonha?
Eu sonhei, eis me aqui

Mais um grito solitário na escuridão sem fim
Compositor: Luiz Fernando Correia da Silva (UBC)Editor: Sony Music Publishing (UBC)Publicado em 2020 (22/Set) e lançado em 2005 (10/Abr)ECAD verificado obra #20541264 e fonograma #22662633 em 21/Abr/2024 com dados da UBEM

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