Vai chegando o mês de agosto
A tarde fica embaçada
A perdiz pia no campo
Corianguinha e urutaca
Gavião encorujado
Dorme nas arta copada
Inhambuzinho pia triste
Dando vorta nas paiada
Meu coração amagoa
Das dolorosas pancadas
Nesse tempo tudo forga
Só minha vida é apertada
O povo disse que não acha
Serviço de camarada
Eu trabaio até de noite
Pra dá conta da empreitada
Pego moda por empreita
Pra inventar e por toada
Invento modas na linha
Nos campeão dando lambada
Quando eu vou na pagodeira
Eu levo a companheirada
Minha viola também vai
Eu não deixo desprezada
O povo tudo arvoroça
Hora da minha chegada
As criança vem primeiro
Gritam, óia a violerada
Festeiro chama pra dentro
Me acompanha rapaziada
Quando eu entro no salão
Com minha viola afinada
Eu canto uma moda arta
E muito bem explicada
Dizendo que eu não insurto
Mas topo quarqué parada
Tenho feito pé cascudo
Saí pisando na geada
Saí derrubando orvaio
Com a carçinha regaçada
Nas festas que eu chego
E canto moça fica arvoroçada
Na cozinha eu escuto zum-zum
Das muié casada
Tão gavando as minhas moda
Por ter palavra apertada
Os campeão fica pros canto
Todo o povo dá risada
Eles sai de vagarzinho
E corre quando pega a estrada
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)