O sol nasce no Ipiranga majestoso igual Don King Treinando cada guerreiro pra ser o melhor do ringue
Swing de quem, não teve nada de bandeja Aprendi no meu bairro que quem não reage rasteja
De paixão que lampeja a promessas de ternura Terra dos pais ausentes e gravidez prematura
Da onde eu venho se vive o momento E num xadrez feito de peões o único rei é o tempo
Meus heróis são arriados em toques de Alujá E tragédias gregas crescem vestindo C&A
Barulho de Cg, cuba libre e rebeldia Ensinaram que sonhos são nossa melhor companhia
Função na pizzaria biriri, da Nokia Fichas criminais sujas de vinhos de paroquia
Velhas fofoqueiras inflamando problemas E cada vez que riscam um fosforo ascendem poemas
Cada esquina em silencio guarda um flerte de horas vagas Desabafos solitários de bebuns afloram chagas
Boteco não é escola, mas meu bairro criou Um professor em cada bar que conta oque a vida ensinou
Entre restos e rostos moram crenças e vícios Vim do bairro onde sonhos são maiores que sacrifícios
Onde o asfalto se mistura com as ruas de terra E nas quermesses de Junho trocam-se historias de guerra
Seja bem vindo onde seu suor tem valor E sob a benção de Deus parte o trabalhador
Seja bem vindo ao Ipiranga heey Seja bem vindo ao Ipiranga
Onde crianças são anjos entre nobres vagabundos E o fim do mês assusta muito mais que o fim do mundo
Seja bem vindo ao Ipiranga heey Seja bem vindo ao Ipiranga
Somos poemas pra ninguém, tradição oral de um povo leigo Infernos individuais dentro de olhares meigos
Ráfia e farrapos, luzes na Cursino Quentes como o Sol nossos beijos selam destinos
Camafeu de ilusão feito de arsênico e benzina Sofá coberto com plástico e esquadros de rotina
Pancadão rola nas caixas, duelo, polo listrada Tubaína em saco plástico e Sam Remí gelada
Eternas festas de quebrada e o trabalho? Que se foda! Você tá no Ipiranga vem curtir a noite toda
Traz os fardos, liga o som, goró cor caramelo Chama as gatas e vê vilão se emocionar ao som de Belo
Anos atrás, Sampa Crew e Sidra Cerezer No Black da Vergueiro na busca de um affair
Das minas mais recatadas até as mais sem vergonha Foda-se Amsterdã a gente tem a melhor maconha
Aqui pinos são cifrões e fortuna se faz De sonhos destemidos que morrem jovens demais
Nossa chance é fugaz e mães que esperam o pior Enquanto caímos de amor por uma vida melhor
Meu bairro é a prece e a blasfêmia a cruz e a espada Onde poucos vivem por algo e muitos morrem por nada
Eu amo minha quebrada, mas o mundo moderno Faz minha vila ser mais quente que a cozinha do inferno
Seja bem vindo onde na arena vazia Onde a esperança transforma a vida em poesia
Seja bem vindo ao Ipiranga heey Seja bem vindo ao Ipiranga
Onde sorrisos e lagrimas são dor e delicia E o som não abaixar nem com presença de policia
Seja bem vindo ao Ipiranga heey Seja bem vindo ao Ipiranga
Salve! Sejam bem vindos ao Ipiranga, onde o melhor dia é o hoje e o agora é uma dádiva chamada presente
Onde os raios de sol são brilhos afiados que exaltam os ânimos, os vícios e as virtudes de cada um, e aonde o bem e o mal são pontos de vista
Meu bairro é a loucura dos amantes, a rotina dos casais e aonde os orixás dançam garantindo a festa da vida em cada amanhecer
O show dos contrastes e da vida simples, onde gambiarras fazem pontes para se alcançarem sonhos
Saia para ganhar o mundo, mas não se esqueça da sua quebrada porque se um dia você precisar voltar, que você volte de cabeça erguida e ela te encontre de braços abertos
Compositores: Marcello de Souza Dolme (Marcello Gugu), Eduardo dos Santos Balbino (Dj Duh) ECAD: Obra #29207045 Fonograma #3143419